Uma das coisas boas do SFI é poder conviver com diferentes povos, pelo menos da minha parte.
Eu gosto de conhecer gente nova, de outros países e aprender sobre a cultura deles. Daí depois eu geralmente fico "tachando" todo mundo haha, no bom sentido, por favor: "Ah, tailandeses não tem bad day nunca, os danadinhos estão sempre sorrindo, tudo pra eles é alegria!"; "Indianos são muito simpáticos e falam inglês com um sotaque único e divertido". Em Madrid, pude "conviver" com pessoas desses 2 países e realmente agora confirmou o que eu achava sobre eles. haha
Agora, na minha sala, me deparei com culturas que jamais pensei que um dia eu pudesse. Como eu disse antes, minha sala, até o momento (parece que irá surgir mais gente) é composta por: uma paquistanesa, uma etíope, uma chinesa, dois indianos, um inglês, uma italiana, uma grega, uma tailandesa e dois somalis. Esses últimos, eu acredito que devem fazer parte do programa que acolhe africanos. Existe uma cota de gente vinda de lá, que alguns países recebem. Eles passam inclusive a ganhar uma "mesada" do governo. Deve haver outros auxílios, mas eu desconheço. Achei bacana, que esses meus colegas se interessaram em aprender a língua do país que acolheram eles. Já vi que muitos não dão valor a essa oportunidade, mas cada um sabe o que faz, né? Meus colegas de sala se esforçam bastante, um não sabia sequer o que era um verbo. Não sei porque eles foram inseridos nessa turma, nesse nível, talvez porque falem um pouquinho (muito pouquinho) por já morarem aqui há 2 anos.
Mas, sem dúvida, quem mais me chamou atenção na turma foram a paquistanesa e a etíope. Elas são de países distintos, mas tem uma coisa em comum: a religião. E lá vou eu entrar num assunto que não deveria! haha Não sei muito bem dos costumes e das regras que elas devem seguir, mas aprendi duas. Primeiro, elas não podem e não devem mostrar os cabelos, nem pescoço, nem colo, nem orelhas, nem nada, muito menos pernas e braços. Elas usam um lenço que cobrem toda a cabeça e pescoço, deixando apenas o contorno facial exposto. Diz que só os maridos podem vê-las sem o tal lenço. Depois, tem o lance de elas não comerem carne de porco. Até aí tudo bem mas, antes fosse porque o bicho é sagrado! kkkk Alega-se que essa carne é amaldiçoada, porque porcos são sujos e vivem na lama, então você não pode comer. (Mas genteeeeeee, por que isso? hahahaha Quando será que eu vou entender?) Eu já comi carne de porco pra dedéu, vide feijoada. Aí tu quer me dizer que por dentro, sou lama podre? hahaha Por favor... aí eu chego no ponto que, quanto mais eu conheço culturas e religiões, mais eu tenho aversão a elas (as religiões). E que muitas dessas 'guerras' que existem no mundo são por causa delas. Se eu posso mostrar o meu cabelo, uma coisa tão normal, por que essa menina não pode? Eu não me conformo com isso! kkkkkkkk Mas tudo bem, o que pra mim é "normal" pra ela é fora de cogitação, algo anormal. É meio louco! Quem sabe um dia isso entre na minha cabeça.
Mas não falo especificamente, e apenas, dessa religião. Me refiro a todas. Acho que elas estão sempre ali, instigando e forçando uma rivalidade com outras. E que acaba sempre e sempre gerando guerras (sejam elas ativas ou passivas hahaha Se é que me entende).
No momento, e a algum tempo atrás, eu não tenho religião. Decidi que não seguiria nenhum tipo de seita, celebração, enfim. Casei com a benção de um pastor evangélico, por respeito a alguns familiares. Porque apesar de não entender religião, respeito. Mas hoje, eu optei por não fazer parte de nenhuma dessas afeições que por aí existem. Não faço parte do ateísmo, e acredito que nunca farei, porque eu acredito no MEU Deus, tenho muita fé e acho que sou correta e sei respeitar as pessoas. Por não estar inserida numa religião, sou muito má? (hhaha)
Call me ignorante, mas não tem ninguém no mundo que coloque na minha cabeça, que eu comendo um pedaço de pão e contando meus pecados a um padre, ele (o padre, de acordo como o que ele acha, um mero mortal como eu) vai me livrar deles ou ainda que um papa é Jesus na Terra. Ou cobrindo meu cabelo, ou pagando um dízimo ou fazendo um ataque terrorista pra ir pro "céu" pura, ou o que quer que seja. É complicado né? Já peguei várias vezes a minha colega muçulmana admirando o meu cabelo, mexendo e descrevendo o dela, como se tivesse a 2000 mil quilômetros de distância, como se não tivesse ali, do meu lado, no meu campo de visão. É complicado. Quem sabe um dia eu entenda tudo isso. Na contramão de todas essas regras e leis, além respeitar outros costumes e religiões, eu pude encontrar nela uma pessoa muito simpática, querida e amiga. E no final das contas, é isso que vale.
Eu e Farva